Previdência é um tema importante demais para deixar que outros joguem, decidam e formem opinião por você
Acompanho o assunto previdência social desde os anos 1990. O primeiro motivador foi profissional apenas: a vaga de trabalho que consegui no ano de 1993 era de repórter setorista de assuntos ligados à saúde, previdência e trabalho. Então, pouco conhecia dos temas nessa época e fui estudar e aprender enquanto apurava e escrevia sobre eles. Mais tarde, o fato de entender um pouco mais sobre tais assuntos me credenciou para outros empregos em veículos de comunicação e, daí, após tanta proximidade, acabei gostando deles.
Ou seja, um segundo motivador me faz acompanhar até hoje os dilemas da previdência no Brasil: admiração. Como a Geni (da música de Chico Buarque “Geni e o Zepelim” que não é conhecida por seu título, mas sim pelo refrão “joga pedra na Geni”), a previdência é alvo de reclamações, acusações de péssimo atendimento, de benefícios de pequenos valores etc.
Mas, todos os problemas que podem ser atribuídos à previdência não anulam o fato de ser ela uma das políticas públicas mais importantes do Brasil em termos de atendimento à população.
E mesmo aqueles que ganham muito acima de um salário mínimo acabam referendando essa observação porque “brigam” ferozmente pela garantia do que consideram já serem seus direitos de aposentadoria quando se fala em reforma. Bons exemplos ocorreram esta semana.
No fim de semana, foi noticiado que dezenas de entidades representativas de servidores públicos estão procurando diretamente o relator da proposta de reforma da previdência (PEC 6/2019) na Comissão Especial da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), para apresentar suas demandas por manutenção de seus pretensos direitos.
Na terça-feira (28), durante audiência pública dessa mesma comissão, representantes da enfermagem e das polícias federal, civil e militar; carreiras em que hoje há aposentadoria especial, também compareceram para defender a manutenção das regras atuais.
E a Associação de Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou nota na quarta-feira (29) criticando o presidente do STJ, Dias Toffoli, por ter concordado em assinar um pacto com os chefes dos poderes Legislativo e Executivo em torno de uma pauta de votações que inclui a reforma da previdência. Para a Ajufe, ao fazer isso, Toffoli estaria previamente se comprometendo com o conteúdo da proposta que, mais tarde, poderá ser questionado judicialmente.
Demonstrações claras de que, mesmo sempre muito criticada, a previdência tem seu valor para as pessoas. E exatamente por isso é que ela tem que passar por ajustes sempre. Se deve ser o conteúdo dessa proposta que hoje está em discussão ou não, é outra questão. Mas é inevitável o debate.
“E mesmo aqueles que ganham muito acima de um salário mínimo acabam referendando essa observação porque “brigam” ferozmente pela garantia do que consideram já serem seus direitos de aposentadoria quando se fala em reforma.”
E a Associação de Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou nota na quarta-feira (29) criticando o presidente do STJ, Dias Toffoli, por ter concordado em assinar um pacto com os chefes dos poderes Legislativo e Executivo em torno de uma pauta de votações que inclui a reforma da previdência. Para a Ajufe, ao fazer isso, Toffoli estaria previamente se comprometendo com o conteúdo da proposta que, mais tarde, poderá ser questionado judicialmente.
Demonstrações claras de que, mesmo sempre muito criticada, a previdência tem seu valor para as pessoas. E exatamente por isso é que ela tem que passar por ajustes sempre. Se deve ser o conteúdo dessa proposta que hoje está em discussão ou não, é outra questão. Mas é inevitável o debate.
No domingo (26/5), uma multidão foi às ruas dar apoio ao governo Bolsonaro e à pauta de reformas. Conscientes ou não, esse mar de gente estava lá apoiando a reforma da previdência. Serei sincera: nunca se teve notícias, neste país ou em qualquer outro que fez reforma previdenciária, de uma manifestação popular a favor desse tema.
Difícil afirmar se as pessoas estão conscientes do que fizeram, mas se o Executivo, o Legislativo e Judiciário estivem atentos aproveitarão de forma inteligente esse momento.
Jornalista, especializou-se na cobertura política e econômica em Brasília por grandes veículos como Estadão, O Globo, TV Bandeirantes, Jornal do Brasil. Integrou equipes de comunicação de órgãos como Ministérios da Fazenda, da Previdência, Conselho Nacional de Justiça, Superior Tribunal de Justiça.
